E mais um texto meu nasce para colocar alguma dessas angústias que só me assombram à noite. Eu sempre achei que fosse mais um karma que um dom isso de ver mais do que todo mundo e você se esforçou pra me provar que tudo tem prós e contras, nesse exato momento eu concordo que existem alguns muitos prós. Talvez, dessa forma, eu não cometesse os erros boçais que cometi e notasse mais as sutilezas no que não precisa ser dito, talvez assim eu tivesse tido menos necessidade de certezas, talvez eu tivesse acreditado mais em você e no que sempre foi claro, quase transparente. São muitos talvez que não serão respondidos, e não serão apenas porque já não importa. O que me entristece é que cometi o mesmo erro de sempre, não aproveitei tudo que deveria, mesmo querendo, mesmo tendo oportunidade. Essa sensação de não ter ido até onde deveria é o que sempre me incomodou, afinal você me conhece bem o bastante pra saber o medo eu tenho do fim de tudo, e do meio, e do início, e de tudo. E quem eu sou eu para julgar a incompreensão de todos quando guardo todas as mágoas, apenas porque não sei libertá-las, apenas porque não entendo muito dessas regras como “sejamos sutis ao nos expressar”? Eu guardo e guardo bem o suficiente para não precisar explicitá-las aqui, bem o suficiente para não precisar dizê-las a ninguém, bem o suficiente para esquecê-las sem qualquer pedido de desculpa ou arrependimento da sua parte. Guardo a mágoa porque ela é minha, mas o imenso amor, carinho e admiração que sinto por alguém não podem ser só meus, afinal já dizia Nando Reis “guardar o amor não impede que ele empedre mesmo crendo-se infinito, tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém”. E me soa até bonito que eu esteja escrevendo algo sobre as coisas boas que restam das ruínas do que e de quem se foi, por escolha ou por dever. Nostálgico, talvez. Mas bonito ou não, é o que me proponho a fazer. Sabe, você foi a luz no fim do túnel? Uma luz bonita, uma chance de me sentir eu de novo, uma mistura de toda a saudade que eu sentia e que não voltaria jamais, com a soma de um fator único que é você. Você conseguiu descobrir coisas em mim, pequenas sutilezas que eu não tive tempo de notar sozinha, as soluções que estavam ao meu alcance e meu orgulho não me deixava ver, as brigas que eram mais manha do que chateação real, a necessidade de me desprender de coisas e pessoas que eu precisava deixar pra trás. Obrigada por isso. Obrigada pela sensação de ser especial (independente da realidade disso, por um tempo me bastou), obrigada pelos sorrisos bobos, pelas músicas em comum, pelo carinho, pela insônia, pela presença, pelas piadas internas e brincadeiras infantis. Obrigada pelo abraço e acolhimento de sempre. Obrigada principalmente pelo sorriso e por toda ajuda, compreensão, carinho e respeito. Obrigada por. E desculpa por tudo que eu fiz e por tudo que eu não fiz, mas você acredita que sim. Apenas desculpa. Desculpa pelas omissões e pelo medo idiota e ilógico, desculpa pelo egoísmo, pela raiva externada de forma errada, pela insensibilidade, pela impaciência e principalmente por não ter notado todas as sutilezas. Campo limpo em mim, que renasça a flor. Me sinto limpa, me sinto pronta pra recomeçar, com ou sem tudo isso.
"Me faça um gesto, me faça perto"