quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Tenho sonhado com você todos os dias.
Não tenho ideia do que isso possa significar,
mas garanto que parece que você sente.
Então você ressurge,
faz graça,
a gente se esbarra,
brinca,
conversa,
debate coisas alheias a nós.
E eu fico aqui,
acordando todos os dias com esse vazio no peito,
com esse desejo louco de gritar seu nome e correr de volta pra você.

Mas passamos dessa fase,
passamos desses dias.
Então eu apenas faço um café,
fumo um cigarro,
evito sair por aí,
evito esbarrões,
ignoro conversas casuais.
Até que passe.

Até que,
mais uma vez,
passe.
Até que passe a saudade,
até que passe você,
até que o tempo passe. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Desencanto

Previ
mais uma vez seus passos,
arrasos,
fúrias, medos,
dores, fugas.
Caí, porém,
no teu encanto.
Onde não viro,
desviro.
Onde não mando,
desmando.
O encanto derrubado
do canto mal previsto.
O pé ferido
do chute mal dado.
Encanta e fascina
todo o desencanto.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Nó que fere

Nó,
que ata,
desata,
engana.

Faca,
que corta,
luta,
fere.

Faca que corta

que ata,
engana a luta,
desata e fere.

Escuridão

Anoitece
E na noite só se busca luz
Luz
Que não hei de encontrar
Aqui.

Seis horas sem sol
Eu aguento
Mais um dia
Mais três mortes
Amor e fé já se foram.

Resta eu, resta tu
Resta dor e luz
Peço que a esperança não padeça.
Inútil.

Sigo
Na escuridão que segue
A estrada que escolhi
E sou
A escuridão que pedi.


-
Pra sair da rotina, um texto em um formato um tantinho diferente do habitual. ;)

terça-feira, 19 de março de 2013

She's Electric

E mais um texto meu nasce para colocar alguma dessas angústias que só me assombram à noite. Eu sempre achei que fosse mais um karma que um dom isso de ver mais do que todo mundo e você se esforçou pra me provar que tudo tem prós e contras, nesse exato momento eu concordo que existem alguns muitos prós. Talvez, dessa forma, eu não cometesse os erros boçais que cometi e notasse mais as sutilezas no que não precisa ser dito, talvez assim eu tivesse tido menos necessidade de certezas, talvez eu tivesse acreditado mais em você e no que sempre foi claro, quase transparente. São muitos talvez que não serão respondidos, e não serão apenas porque já não importa. O que me entristece é que cometi o mesmo erro de sempre, não aproveitei tudo que deveria, mesmo querendo, mesmo tendo oportunidade. Essa sensação de não ter ido até onde deveria é o que sempre me incomodou, afinal você me conhece bem o bastante pra saber o medo eu tenho do fim de tudo, e do meio, e do início, e de tudo. E quem eu sou eu para julgar a incompreensão de todos quando guardo todas as mágoas, apenas porque não sei libertá-las, apenas porque não entendo muito dessas regras como “sejamos sutis ao nos expressar”? Eu guardo e guardo bem o suficiente para não precisar explicitá-las aqui, bem o suficiente para não precisar dizê-las a ninguém, bem o suficiente para esquecê-las sem qualquer pedido de desculpa ou arrependimento da sua parte. Guardo a mágoa porque ela é minha, mas o imenso amor, carinho e admiração que sinto por alguém não podem ser só meus, afinal já dizia Nando Reis “guardar o amor não impede que ele empedre mesmo crendo-se infinito, tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém”. E me soa até bonito que eu esteja escrevendo algo sobre as coisas boas que restam das ruínas do que e de quem se foi, por escolha ou por dever. Nostálgico, talvez. Mas bonito ou não, é o que me proponho a fazer. Sabe, você foi a luz no fim do túnel? Uma luz bonita, uma chance de me sentir eu de novo, uma mistura de toda a saudade que eu sentia e que não voltaria jamais, com a soma de um fator único que é você. Você conseguiu descobrir coisas em mim, pequenas sutilezas que eu não tive tempo de notar sozinha, as soluções que estavam ao meu alcance e meu orgulho não me deixava ver, as brigas que eram mais manha do que chateação real, a necessidade de me desprender de coisas e pessoas que eu precisava deixar pra trás. Obrigada por isso. Obrigada pela sensação de ser especial (independente da realidade disso, por um tempo me bastou), obrigada pelos sorrisos bobos, pelas músicas em comum, pelo carinho, pela insônia, pela presença, pelas piadas internas e brincadeiras infantis. Obrigada pelo abraço e acolhimento de sempre. Obrigada principalmente pelo sorriso e por toda ajuda, compreensão, carinho e respeito. Obrigada por. E desculpa por tudo que eu fiz e por tudo que eu não fiz, mas você acredita que sim. Apenas desculpa. Desculpa pelas omissões e pelo medo idiota e ilógico, desculpa pelo egoísmo, pela raiva externada de forma errada, pela insensibilidade, pela impaciência e principalmente por não ter notado todas as sutilezas. Campo limpo em mim, que renasça a flor. Me sinto limpa, me sinto pronta pra recomeçar, com ou sem tudo isso. "Me faça um gesto, me faça perto"

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Beatriz

Essas idas e vindas da vida sempre me surpreendem e não há porque esperar que agora seja diferente. Será? Pois digo que agora há de me surpreender esse tal ciclo. Há de me surpreender! Seja por vocês serem igualmente diferentes ou por eu estar exatamente igual. Surpreende-me agora que você não seja tão previsível quanto o esperado pelo meu ego gigantescamente vazio. Bom isso já nem importa tanto, importa sim que o meu objetivo seja alcançado, seja ele qual for e se ele existir. Existe? Deve-se por pressuposto básico à logística desse texto acreditar que ele existe. Tá, existe. Mas garanto que não sei se o inventei agora ou se o resgatei do meu inexistente subconsciente, que a cada dia grita mais pela sua existência, entre o meu consciente e o meu total inconsciente. Pois então partiremos do meu objetivo que consiste em outros objetivos quase e não quase alcançados. E lá volta o meu ego rezando a lenda de que alcancei algo. Não quase alcancei nada, o quase tudo e o quase nada são iguais em algo, todos são quase, como você e como eu, um quase tudo e nada. Se constrói algo de quases? Talvez uma quase satisfação, ou a satisfação que o quase proporciona: Nenhuma. Pois quando acaba, e tudo acaba, o quase de nada lhe serviu. Você não teve nada que você quis dela. Ela. E todos os personagens que ela veste escondem exatamente aquilo que você viu e leu tão facilmente, talvez por ter tantos personagens quanto ela e por atuar com eles na cena que escolherem. E que cena vocês fazem quando os personagens não podem ser usados? Qual é a cena na qual você entra depois de ter visto todas as cores que ela pode ter? Um arco-íris misto, quente e frio. Ela é tudo ou nada daquilo que pareceu ser? Ou é apenas o tudo e o nada que parece? Ela é, pois, uma atriz fria e calculista que explica o encanto e desencanto de todas as plateias. Dos rasos o encanto pelo que não viram, dos observadores o desencanto pelas tantas cores forjadas em alguém cinza, ou preto e obscuro (pausa para rir da sua associação dita racista pelo academicismo). Talvez ela seja exatamente o branco, da ausência de todas as cores e luzes, em meio a escuridão. Talvez ela não seja nada além daquilo que quiseres ver, até que um momento de embriaguez te torne lúcida o suficiente para enxergar o outro lado do disco. Mas, se ela é todas as cores, ela não é nenhuma e sim a misturas delas. Nem sua, nem deles, vestindo exatamente a cor que lhe convier. Não há agora um juízo de valor entre todas elas, ou há. Gosto mais do lilás, ou do azul bebê, mas o branco eu posso colorir como quiser, certo? Ou não. Depende da platéia, do dia, da peça, da máscara, dos bastidores iluminados pelo reflexo do sol, ao amanhecer do dia, no quarto dela. “E se ela chora num quarto de hotel E se eu pudesse entrar na sua vida?” Em qual delas?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Eu sabia desde o início onde isso daria e, talvez por isso, resisti enquanto pude. Não foi o bastante. Então, agora que cheguei ao fim vejo que nada nunca seria o bastante pra você. Nada que viesse de mim, pelo menos. Pouco tempo, muito pouco e o estrago foi maior que o esperado, maior que o mentalmente tangível. Ou eu que fui mais fraca e vulnerável do que imaginei que fosse. ' Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente?'. para que não doa mais decido pôr fim agora, para que, de alguma forma, eu me proteja de tudo ao que me expus. Não culpo ninguém, isso não existe.! Se alguém pode ter culpa nisso tudo, esse alguém sou eu, única e exclusivamente e, não me arrependo, não mesmo. Depois de anos criando e determinando um ponto seguro, um ponto estável para me proteger, eu abdiquei dele. E abdiquei sabendo do risco que corria, do estrago que seria causado. Agora é segurar a onde e esperar passar, deixar que suma como todo o resto porque tudo que hoje é importante, amanhã é lembrança empoeirada.